Hoje eu fiz algo que raramente faço: eu entrei em um ônibus. E foi nesse lugar que me apaixonei. Não uma única vez, nem por um único cara.
Eu me apaixonei e achei normal, afinal as pessoas se apaixonam todo o dia, mas isso não significa que seus sentimentos alcancem a outra. Muitas se apaixonam e deixam isso de lado, como eu fiz, e outras investem nessa paixão.
Havia pelo menos três pelos quais eu me apaixonei. Imaginei um futuro promissor, que poderia acontecer se eu não tivesse tanta vergonha, ou minha mãe não estivesse do meu lado. Planejei tudo: nosso relacionamento, nosso casamento, e nossos filhos. Duas crianças lindas e... Ah, chegamos no ponto dele. Em meus pensamentos, grito para que ele não se vá, mas ele é apenas mais um passageiro.
Não demora muito para que chegue o meu também. Nós teríamos filhos tão lindos... Suspiro e sigo meu caminho.
Pego mais um ônibus para voltar. Nele encontro dois.
O primeiro dorme profundamente. Será que ele dormiria desse jeito ao meu lado? Com ele não terei filhos, não nos encaixa.
O segundo está sentado bem na minha frente, só prestei atenção nele quando o meu amor lá da frente escorreu a cabeça pelo vidro. Ele gosta de ouvir música bem alta. Não consigo ver claramente seu rosto, mas sei que me apaixonei também. Sortuda é a mulher que senta ao lado dele, de início pensei que fosse sua mãe, mas ela logo muda de lugar, mostrando que minha teoria estava errada.
Passo o resto da viagem prestando atenção nos dois. Nada pode confirmar que um dia ficaremos juntos, mas isso não me impede de me apaixonar.
Não posso fazer nada quanto a isso. Minhas paixões são tão passageiras quanto as outras pessoas presentes neste ônibus. Elas passaram uma vez e só Deus sabe se passarão de novo.
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