Seu corpo está mole, girando e girando. De vez em quando balança com a brisa, mas não se mexe sozinho. Todos já foram embora, o que faz sentido já que isso aconteceu ao meio-dia e agora o sol está se pondo. Ainda não consigo deixá-lo. Sei que eles virão atrás de mim.
Não me contaram a história inteira. Ouvi apenas sussurros "três pessoas", "brutalmente", "muito sangue". Se todos dizem, é muito mais fácil acreditar, mas sei que não é verdade. Eu o conheço bem demais para saber que ele não faria isso, mas eu nunca teria coragem de dizer isso alto.
Entre os sussurros, uma procissão o acompanhou até a árvore. Todos escandalizados ao ver suas mãos sujas de sangue e sua expressão morta. Eles mantêm distância enquanto o guiam, ainda chocados demais para ter qualquer reação.
Um líder religioso para em frente a árvore. Ela está em sua melhor fase, as folhas estão verdes e sua casca está bem firme de uma cor de marrom bem vivo. O homem leva um banco até o galho mais baixo e que julga ser forte, então passa a corda para dar um nó bem firme. Ele me encontra escondida, não muito longe dali. Desvia o olhar, não quer atrair a atenção deles para mim.
O homem finalmente termina de arramar a corda no galho. Ele então posiciona o laço envolta de seu pescoço. Quero desviar o olhar, mas também quero vê-lo. Ele pula com os olhos fixados em mim, é uma mensagem. Ele voltará para me buscar.
As pessoas estão saindo aos poucos e eu me aproximo. Passam horas enquanto eu o vejo balançar e girar, sem vida. Ouço vozes perto da cidade, eles estão me procurando. É então que eu ouço sua canção. Tão calma, serena como a própria morte.
Ele sabe o que está por vir, ele sabe o que estão planejando e o que vai acontecer comigo. Por isso, ele me chama para ficar ao seu lado. Não vejo porque recusar.
Sua canção invade meus ouvidos enquanto eu fecho os olhos e pulo. Pulo para a sua promessa de que ficaremos juntos:
Você vem, você vem
Para a árvore
Onde eles enforcaram um homem que dizem matou três.
Coisas estranhas aconteceram aqui
Não mais estranho seria
Se nos encontrássemos à meia-noite na árvore-forca.
Você vem, você vem
Para a árvore
Onde o homem morto clamou para que seu amor fugisse.
Coisas etranhas aconteceram aqui
Não mais estranho seria
Se nos encontrássemos à meia-noite na árvore-forca.
Você vem, você vem
Para a árvore
Onde eu mandei você fugir para nós dois ficarmos livres.
Coisas estranhas aconteceram aqui
Não mais estranho seria
Se nos encontrássemos à meia-noite na árvore-forca.
Você vem, você vem
Para a árvore
Usar um colar de corda, e ficar ao meu lado
Coisas estranhas aconteceram aqui
Não mais estranho seria
Se nos encontrássemos à meia-noite na árvore-forca.
(Baseado na canção A Árvore Forca, Suzanne Collins)
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