sexta-feira, 10 de maio de 2013

Ano Novo?

  Ano novo deveria ser uma boa data. Onde todos se vestem de branco e bebem até o sol anunciar o dia primeiro. Na minha família é basicamente isso, se não fossem as pessoas.
  Minha mãe gosta de inventar, comprar uns negócios brilhantes e peças de roupas malucas. Ela tem até um daquele globos que ficam no teto e que iluminam com várias cores diferentes. Ela também tem umas perucas e máscaras.
  Os vizinhos que são sempre meio malucos. Parecia que tínhamos uma maldição, todo réveillon sempre aparecia um bêbado no portão de casa pra perguntar se ali era um bar. Não culpo os caras, se eu tivesse bêbada e visse uma casa com um monte de gente dentro já ia pensar a mesma coisa.
  Teve um ano em que foi um pouco diferente. Como sempre, um bêbado apareceu. Chegou, apoiou no portão e perguntou:
  -Tem 51 aí?
  Minha mãe estava sentada ali perto, mas foi meu pai que foi falar com ele:
  -Aqui não é bar não.
  O cara devia ter bebido demais, porque não deu nem atenção.
  -Eu moro na rua de trás... Roberto!
  Cambaleou e olhou para baixo, através das grades do portão, meu pai que também não estava nem um pouco sóbrio expulsou ele de lá.
  -Aqui não é bar não! É casa de família e o que você tá fazendo olhando pras pernas da minha mulher?
  Foi a coisa mais emocionante da noite toda, até porque ninguém da família perdoou essa última fala. O que rendeu risadas por um ou dois meses.
  Teve uma vez em que os vizinhos quase brigaram com a minha tia por causa dos fogos de artifício que nós soltávamos. Por falar em fogos, existe uma história engraçada sobre isso.
  Na primeira vez em que resolvemos soltar alguns na virada do ano, tivemos a brilhante ideia de usar um apoio feito de garrafas de coca-cola. Funcionou nos dois primeiros, mas o terceiro... Passou uma ventania bem na hora em que foi aceso, o apoio caiu e o rojão bateu direto na parede da casa. Se o muro não tivesse sido reformado, a marca de pólvora ainda estaria lá.
  Todo mundo na direção do apoio e quando ele caiu, todos corremos. Minha mãe e minha avó gritando para mim e minhas primas e todo mundo contornando os carros estacionados. Na pressa, meu pai machucou a canela no para-choque da Brasília velha do meu avô.
  Como somos todos meio pirados, no dia seguinte fomos ver aquela linda marca de pólvora no muro. Meu tio querendo fazer umas graças, pegou a caixa de fósforo para ver se ainda acendia. Todos pensamos que não, pois tinha chovido. Mas quando ele menos esperava, o fogo do fósforo reagiu com a pólvora e houve uma pequena explosão na sua mão. Não mexemos mais com a pólvora.
  Por um lado, eu acho que tenha sido meio triste terem reformado o muro, uma boa lembrança está guardada atrás de uma camada de cimento e uma camada de tinta amarela.

-T.

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