Eu podia ter jogado qualquer coisa, mas eu optei por um alface. Objeto estranho, mas ele era o mais verde da horta. Meu pai cultivava uma horta. E vendia legumes toda quarta.
Ainda é cedo, está claro, mas minha casa parece sombria. Não passa um ar de aconchego. Vou até a sala e em cima da mesa de madeira tem um bilhete e uma carta:
"Eu estava com ele quando deu o último suspiro. Pediu para lhe entregar isso"
Era tudo o que o bilhete dizia. Acho que se refere a carta. Abro o envelope e logo de cara reconheço sua letra. Deixou uma carta para mim...
"Olá querida. Se está lendo isso, não tive tempo suficiente para lhe contar. Saiba que sempre lhe amei como minha própria filha, já que nunca tive a oportunidade de ter uma. Mas, você não veio do ventre de Amelia."
Nada chocante. Descobri isso quando tinha dez anos. Amelia era a esposa dele. No dia que eu descobri ela havia brigado comigo, então eu saí de casa e colhi flores como desculpa. Mas quando cheguei, ela havia adoecido e poucos dias depois morreu. Tivemos uma conversa e ela disse que se arrependia de ter dito aquelas coisas, mas que, mesmo eu não sendo sua filha de verdade, ela sentia que eu era. Mantive segredo desde então. Vamos ver o que o resto da carta diz:
"Sei que deveria ter lhe contado isso há muito tempo. Erro meu, desculpe. E você vai ficar sabendo da pior maneira possível.
Você não lembra de como eu te achei. Era novinha, apenas cinco anos. Enfim.
Eu te encontrei enquanto viajava. Voltando da cidade real, passei perto de uma vila. De longe, era como uma vila qualquer, mas, conforme me aproximei, percebi que várias casas pegavam fogo. Mulheres corriam carregando o que conseguiam. E grito ecoavam. Foi quando uma mulher histérica passava com uma menininha em seu colo. Essa menina estava chamuscada e chorava. A mulher tinha uma expressão de pânico, mas parecia que ela estava preparada para correr. Assim que me viu, correu em minha direção.
Ela estava cansada e ofegante. Assim que respirou, me entregou a menina e uma carta. Disse para levá-la para longe e que só abrisse a carta, quando a cidade não fosse mais vista. Acontece que essa menina era você.
Mas, antes que questione o porque de sua mãe verdadeira ter te abandonado, leia o que encontrei na carta.
Lá dizia que você era um tipo especial. Que fazia coisas acontecerem apenas com o pensamento e que fora você que causara o incêndio. Porque você ficou com medo. O rei descobriu sobre você, ouviu um rumor. Mandou guardas e eles te acharam. Mas sua mãe te protegeu. Ela abriu mão de você pela sua segurança.
Meu conselho é que você fuja. Escrevi essa carta enquanto estava de cama, temendo o pior. Marisla me disse que ouviu na cidade sobre a guarda real estar te procurando. Mesmo depois de 12 anos, eles ainda não desistiram... Você deve ser muito especial. Mas não se entregue, não deixe o sacrifício da sua mãe ser em vão.
Estou chegando ao final, então queime esta carta e vá embora o mais rápido possível. Os outros vão tentar desviá-los do caminho. Mas você deve fugir mesmo assim."
A única coisa que consigo fazer é encarar a parede. Algo especial... Incêndio...Queimar...Fugir. Não palavras que ecoam em minha mente. Certo! Queimar a carta e fugir antes da guarda.
O que a carta dizia mesmo? Que eu podia queimar as coisas com a mente? Mas, como eu faço isso?! Talvez eu precise me concentrar...
Fecho os olhos e... Alguém está batendo na porta. Tente parecer normal:
-Olá senhorita. Você mora sozinha?
-Agora, sim.
-O que isso quer dizer?
-Meu pai faleceu hoje, senhor.
-Oh. Nos desculpe senhorita. Serei rápido e deixarei você em paz. Eu e o resto da guarda estamos procurando uma jovem garota. Provavelmente da sua idade. O nome dela é Alexia. Seguimos uma pista e acabamos aqui. Infelizmente não sabemos sua aparência. Aliás, qual seu nome?
-Amelia. - Falei sem pensar.
-Você se importa de me deixar revistar sua casa?
-Claro que não... Vá em frente, mas não tire muitas coisas fora do lugar. Quero que fique do jeito que ele deixou. - Abaixei a cabeça demonstrando tristeza. Em parte, é verdade, mas tentei agravar o fato.
Ele não demorou mais que cinco minutos. Logo estava de volta ao lado de fora da minha porta:
-Desculpe pelo incômodo. Se tiver qualquer informação, não hesite em nos contatar.
-Sim, senhor. - E ele finalmente vai embora. Respiro fundo. Mais cedo ou mais tarde vai perceber que eu menti, e eu preciso estar bem longe quando isso acontecer.
Vou até meu quarto e pego uma bolsa. Dentro, coloco uma troca de roupa. Vou até a cama dele e ergo o colchão, embaixo encontra-se todo o dinheiro que ele economizou para comprar um veículo decente para vender legumes na aldeia.
-Acho que você não vai mais precisar disso, pai... - Pego todas as moedas. Não sei quanto tem, mas terei tempo para contá-las depois. Coloco a bolsa no ombro e apago todas as velas. Não voltaria para esta casa tão cedo.
Então eu corri. O mais rápido que pude.
Então eu corri. O mais rápido que pude.
***
Passaram dois anos desde que eu fugi. Corri tanto naquela tarde, que só fui parar quando a Lua brilhava alto no céu. Uma vila brilhava perto. Fui até lá, mas sabia que não poderia ficar muito. Logo meu rosto estaria em cartazes de procurado.
Foi quando um senhor muito simpático me acolheu. Eu não cheguei a conhecê-lo completamente, mas desde que ele veio falar comigo, senti que podia confiar nele. Então eu contei o que se passava. Ele me tranquilizou e disse que eu tinha que ser forte dali para frente.
Me arranjou uma moradia no meio de uma floresta próxima. Me aconselhou a cortar o cabelo e me deu um livro, dizendo que eu só poderia consultá-lo quando minha intuição dissesse isso.
No dia seguinte, comprei roupas e alguns suprimentos na cidade e levei tudo para a cabana. Peguei uma navalha e fui tirando mechas do meu cabelo. Deixei-o bem curto e nunca olhei em um espelho novamente.
Como eu ia ter muito tempo livre, decidi que ia treinar esse "talento" com qual eu nasci. Foi difícil no começo. Mas agora, já posso fazer qualquer objeto se mover, não importando seu peso, se me concentrar bem, consigo fazer coisas pegarem fogo sozinhas.
Eu poderia viver assim. Todo dia eu buscava lenha, lavava roupa em um rio próximo e depois do almoço, andava pela floresta checando armadilhas. Eram simples, para pegar pequenos animais. Amelia me ensinou a fazer algumas, para prevenir pequenos animais de entrarem na horta. Ela também me ensinou a reconhecer plantas comestíveis. O pai dela era um caçador, que passava semanas, meses, na floresta caçando.
Nunca pensei que iria usar algo desse tipo, mas olhando minha situação agora, eu agradeço todo o dia por ela ter me ensinado.
Foi em um desses dias que saí para checar as armadilhas, que ouvi um barulho diferente. Não era qualquer esquilo, era algo maior. Permaneci alerta. Poderia ser um animal... Ou uma pessoa. Não espero para ver, assim que entra no meu campo de visão, eu o nocauteio.
Já fiz isso com alguns cervos. Eu simplesmente imagino-o sendo nocauteado e pronto. Lá está ele no chão.
Usava roupas simples e carregava um grande saco marrom. Provavelmente algum ladrão. E que deve ter me visto. Vou levá-lo para a cabana, talvez ele tenha algo interessante.
Manipulo seu corpo através das árvores e chegando na casa, amarro suas mãos e pés. Ele fica deitado no chão de madeira.
Abro seu saco e lá encontro vários produtos de valor. Cálices, jóias, bandejas, e até talheres. Mas é um pequeno espelho com borda dourada que me chama a atenção. Olho meu reflexo. Faz dois anos que não me olho. Meu cabelo está bem bagunçado. E eu perdi aquele brilho de quando Amelia penteava meu cabelo. Eu definitivamente não sou mais a garotinha que acreditava em uma família feliz.
Pelas coisas que ele tem, provavelmente deve ser um ladrão de burgueses. Que revende suas mercadorias no mercado negro. Ladrões podem ser perigosos. mas eles tem contatos.
Ouço um gemido. Ele estava começando a acordar.
Ele sentou-se e olhou para mim. Analisei sua aparência. Nada muito fora do comum. Ele tem cabelo preto e olhos azuis, isso indica que nasceu no sul. Todos que nascem lá tem esta mesma aparência. A única coisa peculiar era que seu olho esquerdo era metade azul, metade castanho. Uma mistura exótica.
-Quem é você? Como vim parar aqui? - Eu pretendia dizer Amelia, mas senti que não deveria mentir.
-Alexia. Eu te nocauteei, pensando que fosse alguém indesejado.
-E quem seria... Espera. Você disse que seu nome é Alexia? - Assenti. - Alexia. Aquela ruiva mais procurada por todo o país? - Assenti novamente. - Não acredito que conheci minha rival!
-Como assim...
-Eu sou Lawrence. O segundo mais procurado por todo o país. O ladrão mais profissional da região. Eu estava no topo da lista, até que, dois anos atrás, eles te colocaram como prioridade máxima. E continua assim até hoje. Eu tentei te superar, mas foi inútil. Me diga o que você fez que superou até um roubo feito na frente de várias pessoas?
-Eu nasci. - Isso resumia tão bem que me surpreendeu. Pela minha expressão, ele entendeu que eu não planejava compartilhar mais nada. Fiz com que as cordas se soltassem.
-Você mora aqui? - Assenti novamente. - Então é por isso que nunca te encontraram... Esperta. - Ele percebeu que as cordas estavam desamarradas e se soltou.
Observo ele chegar o saco. Talvez ele seja a minha chance de voltar para a civilização. Na verdade, venho planejando isso faz muito tempo. Mas me falta coragem. E esta é a oportunidade perfeita.
-Você ia a algum lugar especial?
-Até a cidade real para fazer uma entrega. - Ele dá pequenas batidas no saco.
-Eu vou com você. - Digo.
Ele faz uma cara de surpresa e depois pondera.
-Eu terei o prazer de ser seu guia, se você admitir na frente de meus colegas que eu sou o primeiro na lista. - Que condições ridículas. - Até, porque, eu estava perdido nessa floresta. Você sabe como sair, não é?
-Claro.
Pego o dinheiro que guardei, o livro e visto uma capa. Coloco um capuz, impedindo de qualquer pessoa enxergar meu rosto. Afinal, ele está estampado em vários cartazes por todo o país.
-Vamos.
Pelas coisas que ele tem, provavelmente deve ser um ladrão de burgueses. Que revende suas mercadorias no mercado negro. Ladrões podem ser perigosos. mas eles tem contatos.
Ouço um gemido. Ele estava começando a acordar.
Ele sentou-se e olhou para mim. Analisei sua aparência. Nada muito fora do comum. Ele tem cabelo preto e olhos azuis, isso indica que nasceu no sul. Todos que nascem lá tem esta mesma aparência. A única coisa peculiar era que seu olho esquerdo era metade azul, metade castanho. Uma mistura exótica.
-Quem é você? Como vim parar aqui? - Eu pretendia dizer Amelia, mas senti que não deveria mentir.
-Alexia. Eu te nocauteei, pensando que fosse alguém indesejado.
-E quem seria... Espera. Você disse que seu nome é Alexia? - Assenti. - Alexia. Aquela ruiva mais procurada por todo o país? - Assenti novamente. - Não acredito que conheci minha rival!
-Como assim...
-Eu sou Lawrence. O segundo mais procurado por todo o país. O ladrão mais profissional da região. Eu estava no topo da lista, até que, dois anos atrás, eles te colocaram como prioridade máxima. E continua assim até hoje. Eu tentei te superar, mas foi inútil. Me diga o que você fez que superou até um roubo feito na frente de várias pessoas?
-Eu nasci. - Isso resumia tão bem que me surpreendeu. Pela minha expressão, ele entendeu que eu não planejava compartilhar mais nada. Fiz com que as cordas se soltassem.
-Você mora aqui? - Assenti novamente. - Então é por isso que nunca te encontraram... Esperta. - Ele percebeu que as cordas estavam desamarradas e se soltou.
Observo ele chegar o saco. Talvez ele seja a minha chance de voltar para a civilização. Na verdade, venho planejando isso faz muito tempo. Mas me falta coragem. E esta é a oportunidade perfeita.
-Você ia a algum lugar especial?
-Até a cidade real para fazer uma entrega. - Ele dá pequenas batidas no saco.
-Eu vou com você. - Digo.
Ele faz uma cara de surpresa e depois pondera.
-Eu terei o prazer de ser seu guia, se você admitir na frente de meus colegas que eu sou o primeiro na lista. - Que condições ridículas. - Até, porque, eu estava perdido nessa floresta. Você sabe como sair, não é?
-Claro.
Pego o dinheiro que guardei, o livro e visto uma capa. Coloco um capuz, impedindo de qualquer pessoa enxergar meu rosto. Afinal, ele está estampado em vários cartazes por todo o país.
-Vamos.
***
-Tem alguma cidade aqui perto? - Pergunto enquanto caminhamos em direção a uma estrada perto da saída da floresta.
-Sim. E por sorte, lá é a base dos ladrões. Assim que chegarmos, eles vão ver que você é nova no território e vão intimidá-la. Mas, a maioria deles tem coração. Alguns vão te admirar assim que te reconhecerem, outros vão tentar te superar. Ou até coisas piores. Sabe, no mundo dos ladrões, estamos em perigo todo o dia pela concorrência.
-Sei que você está tentando me fazer desistir, já que agora saiu da floresta. Saiba que não vai funcionar.
-Por que você quis sair do seu refúgio na floresta bem quando eu apareci?
-Precisava de alguém que conhecesse o caminho até a cidade real. Faz dois anos que não tenho contato com a civilização.
-Sim. E por sorte, lá é a base dos ladrões. Assim que chegarmos, eles vão ver que você é nova no território e vão intimidá-la. Mas, a maioria deles tem coração. Alguns vão te admirar assim que te reconhecerem, outros vão tentar te superar. Ou até coisas piores. Sabe, no mundo dos ladrões, estamos em perigo todo o dia pela concorrência.
-Sei que você está tentando me fazer desistir, já que agora saiu da floresta. Saiba que não vai funcionar.
-Por que você quis sair do seu refúgio na floresta bem quando eu apareci?
-Precisava de alguém que conhecesse o caminho até a cidade real. Faz dois anos que não tenho contato com a civilização.
Conversávamos em quanto andávamos em direção a estrada. Ele andava na minha frente e assim que falei aquilo. Ele parou e olhou para mim:
-Então quer dizer que você não sabe o que está acontecendo?
-Ficaria feliz se me contasse.
-Certo. Eu te levo até a cidade real, mas eu não vou ser babá de ninguém.
-Posso cuidar de mim mesma. - Rebati. Mesmo depois de eu tê-lo pego de surpresa, ele ainda acha que eu faço do tipo que precisa ser protegida. Patético. - E você é um idiota.
-Esta última parte era desnecessária. - Disse, ofendido.
-Vamos logo, ou vai anoitecer e não teremos um lugar para dormir.
-Então quer dizer que você não sabe o que está acontecendo?
-Ficaria feliz se me contasse.
-Certo. Eu te levo até a cidade real, mas eu não vou ser babá de ninguém.
-Posso cuidar de mim mesma. - Rebati. Mesmo depois de eu tê-lo pego de surpresa, ele ainda acha que eu faço do tipo que precisa ser protegida. Patético. - E você é um idiota.
-Esta última parte era desnecessária. - Disse, ofendido.
-Vamos logo, ou vai anoitecer e não teremos um lugar para dormir.
***
O dia amanheceu ensolarado. Melhor para nós dois que viajaríamos por mais duas cidades antes de chegar onde queríamos.
-Essa é Dedermi. Mas, no meu ramo, nós a chamamos de Roberia. Para você chegar ao mercado, é só seguir em frente. Se precisar de mim, estarei na sede dos ladrões. Para chegar lá é só seguir a cruz. - Ele apontou para uma parede e lá pude enxergar uma cruz. E foi em direção ao desenho.
Segui em frente como me aconselhou e encontrei o mercado. Cheio de pessoas falando alto. Passei a manhã toda e uma parte da tarde fazendo compras e barganhando preços. Nenhum vendedor pediu para que eu tirasse o capuz. Acho que já estão acostumados com fugitivos.
Ao final das compras, fiquei com um pacote de carne seca e sopas de vários tipos. Comprei também rações de vários tipos. Faria a comida durar até a próxima cidade. Também comprei botas novas. As antigas estavam horríveis.
Como tinha muito tempo livre e nada para fazer, resolvi seguir as cruzes.
Elas me levaram a uma parte bem afastada do mercado, com poucas pessoas circulando pelas ruas. Vi um ou dois guardas reais andando por ali. Percebi que quanto mais me aproximava, mas os desenhos ficavam maiores. Até chegar em uma grande porta de madeira com uma cruz cinza. Como não tinha ninguém guardando a porta ou algo assim, eu entrei.
Estava tudo vazio, quando subitamente, três homens me cercam e me prendem. Um quarto surge. Ele tem uma cicatriz no queixo e é careca. Carrega uma faca presa ao cinto.
Ele chegou tão perto que pude sentir seu mau hálito. Ele tirou meu capuz e me analisou:
-Olhos castanhos, cabelo ruivo... Acho que já te vi em um cartaz que tinha muitos zeros... Sua majestade vai amar você! E eu vou amar a recompensa.
Vai sonhando.
Eu não deixaria isso acontecer tão facilmente. Não esperei ele se distrair e logo o ataquei. Assim como todos os outros. O barulho de seus corpos caindo no chão foi muito alto. Logo, vários homens se aglomeraram em volta, não entendendo a situação.
Cortando a multidão Lawrence apareceu com um outro homem. Com certeza era o ladrão mais arrumado de todo o lugar. Enquanto os outros usavam roupas surradas e estavam com o cabelo bagunçado. Ele usava uma camisa branca e calça marrom, usava também botas de caça incrivelmente limpas. Seu único defeito, talvez fosse a sobrancelha falhada. Seu cabelo castanho estava preso por uma fita marrom perto da nuca.
Pelo jeito que os outros recolheram, ele deveria ser um líder ou algo do tipo:
-Alguém pode me explicar o que está acontecendo? - Ele olhou para mim, analisando a situação e as probabilidades de eu ter derrubado quatro brutamontes de uma vez só. Ele tem um sotaque que ouvi quando era criança. Não me lembro bem.
-Ela está comigo. É ela de quem eu estava falando. - Lawrence se pronunciou. A expressão séria dele tornou-se calma.
-Ah, certo. Venha comigo. - Ele pigarreou. - E ninguém tocará mais nenhum dedo em Alexia. Vocês sabem as regras.
Lawrence me puxou.
Segui em frente como me aconselhou e encontrei o mercado. Cheio de pessoas falando alto. Passei a manhã toda e uma parte da tarde fazendo compras e barganhando preços. Nenhum vendedor pediu para que eu tirasse o capuz. Acho que já estão acostumados com fugitivos.
Ao final das compras, fiquei com um pacote de carne seca e sopas de vários tipos. Comprei também rações de vários tipos. Faria a comida durar até a próxima cidade. Também comprei botas novas. As antigas estavam horríveis.
Como tinha muito tempo livre e nada para fazer, resolvi seguir as cruzes.
Elas me levaram a uma parte bem afastada do mercado, com poucas pessoas circulando pelas ruas. Vi um ou dois guardas reais andando por ali. Percebi que quanto mais me aproximava, mas os desenhos ficavam maiores. Até chegar em uma grande porta de madeira com uma cruz cinza. Como não tinha ninguém guardando a porta ou algo assim, eu entrei.
Estava tudo vazio, quando subitamente, três homens me cercam e me prendem. Um quarto surge. Ele tem uma cicatriz no queixo e é careca. Carrega uma faca presa ao cinto.
Ele chegou tão perto que pude sentir seu mau hálito. Ele tirou meu capuz e me analisou:
-Olhos castanhos, cabelo ruivo... Acho que já te vi em um cartaz que tinha muitos zeros... Sua majestade vai amar você! E eu vou amar a recompensa.
Vai sonhando.
Eu não deixaria isso acontecer tão facilmente. Não esperei ele se distrair e logo o ataquei. Assim como todos os outros. O barulho de seus corpos caindo no chão foi muito alto. Logo, vários homens se aglomeraram em volta, não entendendo a situação.
Cortando a multidão Lawrence apareceu com um outro homem. Com certeza era o ladrão mais arrumado de todo o lugar. Enquanto os outros usavam roupas surradas e estavam com o cabelo bagunçado. Ele usava uma camisa branca e calça marrom, usava também botas de caça incrivelmente limpas. Seu único defeito, talvez fosse a sobrancelha falhada. Seu cabelo castanho estava preso por uma fita marrom perto da nuca.
Pelo jeito que os outros recolheram, ele deveria ser um líder ou algo do tipo:
-Alguém pode me explicar o que está acontecendo? - Ele olhou para mim, analisando a situação e as probabilidades de eu ter derrubado quatro brutamontes de uma vez só. Ele tem um sotaque que ouvi quando era criança. Não me lembro bem.
-Ela está comigo. É ela de quem eu estava falando. - Lawrence se pronunciou. A expressão séria dele tornou-se calma.
-Ah, certo. Venha comigo. - Ele pigarreou. - E ninguém tocará mais nenhum dedo em Alexia. Vocês sabem as regras.
Lawrence me puxou.
***
-Nunca pensei que eu veria a famosa Alexia no meu humilde esconderijo.
-Kendrick não precisa bajulá-la. Ela nem sabe porque é tão procurada assim. Ela mesma disse que ninguém é melhor do que eu.
-É, tanto faz idiota. - Cruzei os braços. Se eu não soubesse o que fazer, já teria sido capturada. Espero que esses ladrões se controlem. Por que eu não irei.
-Certo. Eu não vou perguntar como você chegou ao topo. E me desculpe pelo que aconteceu, as vezes ladrões sentem-se tentados com tamanha quantidade de dinheiro. Ladrões são ladrões.
-Poupe-me.
-Hum. - Estava me analisando de novo. - Já que está aqui, pegue isto. É muito útil. - Ele me entregou uma pulseira prateada com uma cruz fina. - E acho que Lawrence tem coisas para falar.
-Certo. Kendrick me passou um trabalho na próxima cidade. Temos que executar um roubo. Você está dentro?
-Quais são minhas opções e o que eu ganho com isso? - Perguntei.
-Falou como uma verdadeira ladra. Suas opções são ficar aqui enquanto Lawrence faz todo o serviço e não ganhar nada, ou ir com ele e dividir a recompensa.
Um dinheiro a mais não vai fazer mal.
-Estou dentro. Mas ainda é seu trabalho me levar a cidade real. - Apontei para ele.
-E esse será meu método.
***
-O que Kendrick quis dizer com "vocês sabem as regras"?
-Todos da sociedade da cruz são ladrões. E o bom de fazer parte do nosso grupo é que temos muita liberdade e não precisamos dividir recompensas para quem não queremos. Kendrick oferece proteção contra a guarda em troca de favores. Não existem muitas regras, podemos ir e vir quando queremos, mas não podemos entregar colegas. Todos que carregam o símbolo da cruz tem proteção. Se você souber os caras certos pode até levar uma vida tranquila. É para isso que serve a pulseira, para impedir que aqueles caras te ataquem de novo.
-Você tem uma também?
Ele ergue a manga da camisa mostrando uma tatuagem em seu antebraço. Uma cruz negra:
-Te ajuda quando menos espera. - Ele dá uma piscadela. - Agora vamos aos negócios: Daqui a dois dias, chegaremos em Uatis. Na época exata que um cara do exército vai fazer um desfile. Coisas políticas... Ele é o nosso alvo.
-Um cara do exército é o nosso alvo? - Ergo as sobrancelhas.
-Vai ser moleza. O desfile mais a festa duram quatro dias. Entramos enquanto ele está ocupado, pegamos o que queremos e saímos sem sermos notados. Simples.
-Isso soa como uma ideia idiota.
-Relaxa, já fiz isso várias vezes...
Ele ergue a manga da camisa mostrando uma tatuagem em seu antebraço. Uma cruz negra:
-Te ajuda quando menos espera. - Ele dá uma piscadela. - Agora vamos aos negócios: Daqui a dois dias, chegaremos em Uatis. Na época exata que um cara do exército vai fazer um desfile. Coisas políticas... Ele é o nosso alvo.
-Um cara do exército é o nosso alvo? - Ergo as sobrancelhas.
-Vai ser moleza. O desfile mais a festa duram quatro dias. Entramos enquanto ele está ocupado, pegamos o que queremos e saímos sem sermos notados. Simples.
-Isso soa como uma ideia idiota.
-Relaxa, já fiz isso várias vezes...
***
Passamos longos dois dias caminhando sem parar e descansando poucas horas na beira da estrada. Quando finalmente vi uma pequena torre de telhado vermelho, fiquei aliviada. Não aguentaria mais olhar para a cara daquele idiota. Ele sempre me encarava esperando arranjar algum assunto, mas sempre acabava me encarando de uma maneira embaraçosa e silenciosa. Foi assim que passamos os dois dias de caminhada.
Quando nos aproximamos do portal, coloquei o capuz na cabeça. Com desfiles do exército, é bom ter a atenção dobrada.
-Tem certeza de que foi uma boa ideia me trazer aqui? - Sussurro enquanto passamos por vários guardas reais.
-Relaxa. Eles estão aqui por que são pagos para isso. Nem se você dançasse na cara deles, eles iam perceber que você é a número um.
-Vou confiar nessa sua ideia idiota...
-Ótimo! Antes de executarmos o nosso trabalho, vamos a um bar que eu conheço. Lá você vai poder andar sem capuz.
-Certo...
Ele caminha com os braços relaxados, sem nenhuma preocupação. Como se não fosse executar um roubo nas horas seguintes...
-Por que você não confia em mim?
Mas que pergunta idiota.
-As vezes penso que você só fala idiotices.
-Minha pergunta foi idiota?
-Sim. - Respondo.
-Então essa é a sua maneira de dizer que confia?
Acho que sim.
-Provavelmente. - Dou uma leve olhada para seu rosto. Ele está indiferente.
-Você é sensível assim mesmo ou era menos antes? - Sei que é uma provocação, posso ouvir ele contendo o riso. Dou-lhe um "gentil" soco no ombro.
-Certo... Eu vou parar com as provocações, mas eu só pensei que já que vamos ser parceiros no crime, eu poderia ter o direito de saber mais sobre você. - Ele para de repente. - Chegamos!
Estamos em frente a um prédio cor creme.Com uma porta de madeira escura e uma pequena placa: "Taverna da Cruz".
-Cruz hein.
-Nossa organização não é nada discreta quando se diz respeito a nomes...
Ele abre a porta e nós entramos.
A parte de dentro não é como eu esperava. Não há música alegre tocando ou homens conversando. Está tudo silencioso e o barulho que é ouvido são de cochichos.
-Estranho... - Suspiro.
-É, eu sei. Vamos sentar perto do balcão. - Sentamos lado a lado em banquinhos que pareciam limpos demais para um bar de ladrões...
-Quem deixou vocês entrarem? Nós somos um bar restrito. - Um homem musculoso se aproximou de nós, claramente indicando para que nós saíssemos. Lawrence ergueu a manga e a expressão dele ficou mais amena. - Oh, você é um de nós. E seu companheiro silencioso ali? - Ele apontou para mim.
Tirei o capuz e balancei a pulseira na sua frente:
-Oh puxa! Você é Alexia! - Ele falou alto suficiente para chamar a atenção dos cochichadores. Todos eles me encararam.
-Cale a boca e me traga uma cerveja. - Retruquei.
-Certo. - Ele revirou os olhos. - Não sou pago para receber esse tipo de tratamento mocinha. E você?
-Um cerveja também.
-Eu vou pegar. Se quiserem mais alguma coisa, meu nome é Bill.
-Certo. - Lawrence respondeu enquanto Bill se dirigia para a cozinha. Ele olhou para mim. - Durona você. Ele tem pelo menos o dobro do meu tamanho.
-Você não tem os poderes que eu tenho.
-Então tá. Vamos discutir o plano. A casa dele vai ficar abandonada durante o desfile. Que fica do outro lado da cidade. Toda a população vai estar lá assistindo. Nós subimos o telhado e entramos pela janela mais alta. E é aí que você entra.
-Como assim?
-Ele guarda a fortuna escondida nesse quarto. Esperava que com esse seu negócio, você pudesse achar.
-Eu nunca tentei...
-Eis a sua chance! - Um homem deixa o bar batendo a porta com um estrondo.
-Ladrões são sempre tão mal educados? - Pergunto.
-A que está na lista dos mais procurados sim. Aqueles menores, só querem viver a vida deles em paz e escondidos. Procuram não chamar a atenção.
Nossas cervejas chegam.
-Desculpe me intrometer, - Diz Bill - mas vocês vão fazer o que eu acho que vão?
-Sim. - Lawrence responde, com uma ponta de orgulho na voz.
-Bom, boa sorte. Muitos já tentaram invadir aquela casa. Nunca acharam...
-Eles não tinham a Alexia. - Chuto seu pé. - Ai!
-Então existe um motivo para ser a número um hein?
De repente, a porta se abre e guardas reais entram. Há muitos deles, mas não tenho coragem de olhar para trás.
-Ei, este é um bar restrito!
Arrisco uma pequena olhada e o vejo. O rei em pessoa. Com sua coroa dourada e uma túnica vermelha. Ele veio atrás de mim.
Levanto o capuz e fico parada. Mas sei que não vai me ajudar. Ele sabe que estou aqui:
-Não se preocupem! - Sua voz ecoa no silêncio. - Eu não venho atrás de tão baixos ladrões. Meu alvo é um só. Eu sei que está aqui Alexia.
Ele está me provocando. Sabe do que sou capaz.
Me viro no banco e levanto a cabeça. O encaro de frente.
-Você não pode me pegar. - Digo.
-É o que você pensa. Posso não ter o suficiente para te derrotar, mas tenho soldados suficientes para fazer isso. Peguem-na!
-Lawrence. - Chamo. Ele para do meu lado, puxando meu pulso como um sinal de fuga. - Eu não posso fugir. Corra, porque as coisas vão esquentar.
É fácil provocar um incêndio. Alguns soldados correm, mas muitos outros tomam seu lugar. As chamas se espalham rapidamente, mas ele não vacila.
-Isso não me assusta. - Os soldados me cercam, sem medo de serem queimados vivos. Vou derrubando alguns deles, mas isso consome toda a minha força. Em algum momento, eu caio de joelhos e desmaio.
Tirei o capuz e balancei a pulseira na sua frente:
-Oh puxa! Você é Alexia! - Ele falou alto suficiente para chamar a atenção dos cochichadores. Todos eles me encararam.
-Cale a boca e me traga uma cerveja. - Retruquei.
-Certo. - Ele revirou os olhos. - Não sou pago para receber esse tipo de tratamento mocinha. E você?
-Um cerveja também.
-Eu vou pegar. Se quiserem mais alguma coisa, meu nome é Bill.
-Certo. - Lawrence respondeu enquanto Bill se dirigia para a cozinha. Ele olhou para mim. - Durona você. Ele tem pelo menos o dobro do meu tamanho.
-Você não tem os poderes que eu tenho.
-Então tá. Vamos discutir o plano. A casa dele vai ficar abandonada durante o desfile. Que fica do outro lado da cidade. Toda a população vai estar lá assistindo. Nós subimos o telhado e entramos pela janela mais alta. E é aí que você entra.
-Como assim?
-Ele guarda a fortuna escondida nesse quarto. Esperava que com esse seu negócio, você pudesse achar.
-Eu nunca tentei...
-Eis a sua chance! - Um homem deixa o bar batendo a porta com um estrondo.
-Ladrões são sempre tão mal educados? - Pergunto.
-A que está na lista dos mais procurados sim. Aqueles menores, só querem viver a vida deles em paz e escondidos. Procuram não chamar a atenção.
Nossas cervejas chegam.
-Desculpe me intrometer, - Diz Bill - mas vocês vão fazer o que eu acho que vão?
-Sim. - Lawrence responde, com uma ponta de orgulho na voz.
-Bom, boa sorte. Muitos já tentaram invadir aquela casa. Nunca acharam...
-Eles não tinham a Alexia. - Chuto seu pé. - Ai!
-Então existe um motivo para ser a número um hein?
De repente, a porta se abre e guardas reais entram. Há muitos deles, mas não tenho coragem de olhar para trás.
-Ei, este é um bar restrito!
Arrisco uma pequena olhada e o vejo. O rei em pessoa. Com sua coroa dourada e uma túnica vermelha. Ele veio atrás de mim.
Levanto o capuz e fico parada. Mas sei que não vai me ajudar. Ele sabe que estou aqui:
-Não se preocupem! - Sua voz ecoa no silêncio. - Eu não venho atrás de tão baixos ladrões. Meu alvo é um só. Eu sei que está aqui Alexia.
Ele está me provocando. Sabe do que sou capaz.
Me viro no banco e levanto a cabeça. O encaro de frente.
-Você não pode me pegar. - Digo.
-É o que você pensa. Posso não ter o suficiente para te derrotar, mas tenho soldados suficientes para fazer isso. Peguem-na!
-Lawrence. - Chamo. Ele para do meu lado, puxando meu pulso como um sinal de fuga. - Eu não posso fugir. Corra, porque as coisas vão esquentar.
É fácil provocar um incêndio. Alguns soldados correm, mas muitos outros tomam seu lugar. As chamas se espalham rapidamente, mas ele não vacila.
-Isso não me assusta. - Os soldados me cercam, sem medo de serem queimados vivos. Vou derrubando alguns deles, mas isso consome toda a minha força. Em algum momento, eu caio de joelhos e desmaio.
***
Tudo o que eu faço é caminhar em frente. A chuva está forte, não consigo ver muito do que está na minha frente. Meus pés está machucados. Meu corpo todo está. O que eles fizeram comigo . . . Minha habilidade não funciona. Não desde que eu escapei. Não me atrevo a usá-la de novo. Meu uniforme de prisioneira está rasgado e ensanguentado. Eu preciso achar abrigo logo.
Devem estar procurando por mim agora, mas a chuva vai atrapalhá-los. Não sei quanto tempo faz que ando, mas eu só ando.
A única coisa que eles não tiraram de mim, foi a pequena pulseira que Kendrick me presenciou... Como será que ele está? E Lawrence... A última vez que eu o vi, ele fugia do incêndio...
Minhas pálpebras pesam... Pisco vagamente. Tem alguma construção na minha frente? Faço um esforço e caminho até lá. É mesmo uma construção. Talvez uma estalagem no meio da estrada.
Bato três vezes na porta. Assim que alguém a abre, eu desmaio.
***
Vou abrindo os olhos devagar. Tem muita claridade onde eu estou. Quando finalmente consigo, há uma mulher me encarado:
-Garota! Como você dorme! - Levanto bruscamente e isso faz a minha visão girar. - Vai com calma! Você ainda não se recuperou totalmente. Foi difícil curar todos aqueles cortes... E você também ficou doente com toda aquela chuva!
-Quem é você? Onde estou?
-Você não lembra? Você bateu na nossa porta naquele dia chuvoso.
-Aqui é muito perto da cidade real?
-Perto? Nem um pouco. Eu diria que para você chegar lá, teria que passar por pelo menos cinco cidades. Estamos quase na fronteira do país.
Eu andei... Tudo isso?
-Eu devia ter adivinhado que você era uma fugitiva das masmorras. Só pelo estado que você estava... Gus não queria uma moribunda dormindo em um dos nossos quartos. Se você não carregasse a cruz, estaria morta em algum canto da estrada.
-Cruz, então você também é...
-Sim. Mandei Kasei até Kendrick. Se fosse outra cruz qualquer eu não faria isso, mas... - Ela ergueu o pulso e mostrou uma pulseira igual. - Isso significa que você é importante. - Sinto meu rosto mais quente. - Oh, mas que falta de educação. Meu nome é Ladly, Sou esposa de Gus e mãe de Kasei e Kendrick. Você é?
-Alexia. Procurada número um do país. - Ela disse mãe?!
-Certo. Você é bem vinda na minha estalagem Alexia. Eu vou te ajudar a se recuperar. - Minha visão já está melhor, então paro para observá-la melhor. Tem o cabelo castanho, com fios grisalhos espalhados por toda a cabeça. Ela lembra um pouco ele... Vagamente.
-Que dia é hoje? - Pergunto.
-Dias 23 porque? - Da última vez que eu vi Lawrence, era dia 7.
***
Passaram duas semanas até que eu pudesse me recuperar totalmente. Todas as noites eu sonho com aqueles dias horríveis.
Nessas duas semanas, conheci Gus. Ele parecia estar sempre bravo, mas falava comigo suavemente.
Muitos viajantes de outros países passavam por ali. Era um negócio próspero. E próximo ao final dos meus dias lá, senti que eu tinha uma família novamente. Mas eu sabia que não era real...
Era uma tarde ensolarada quando Kendrick e os outros chegaram. Eu usava um vestido antigo de Ladly. E, quanto eu levava feno para os cavalos dos viajantes, vi uma pequena multidão se aproximando. Parei para olhar.
Lawrence andava ao lado de Kendrick. E mais pelo menos 10 homens os acompanhavam. Havia também uma versão mais jovem de Kendrick, mais tarde descobri que era Kasei. Seu irmão mais novo.
-Homens. Chegamos. Vão entrando e descansando da viagem. Mostre o caminho para eles Kasei.
-Então, do lado de fora só sobraram eu, Lawrence e Kendrick. Nos olhamos por alguns segundos até que Lawrence se adianta e me abraça.
-Pensei que você tivesse morrido depois que foi levada.
-Quem lhe permitiu me abraçar, idiota? - Ele se afasta. Nos encaramos e sorrimos ao mesmo tempo. - Senti sua falta também. - Ele me encara hesitante.
-Você ganhou cicatrizes. Vão ficar boas no próximo cartaz que fizerem de você!
-Certo. Isso vai me deixar mais intimidadora.
-Eu vou descansar também.
***
Três dias depois, estávamos prontos para partir. Mas não seguiríamos o mesmo caminho. Lawrence voltaria para Roberia com os ladrões e ia assumir a Organização da Cruz. Kendrick e eu... Bem, ele me convidou para visitar um amigo fora do país. Eu aceitei a oferta.
Ele disse que esse amigo me ajudaria a descobrir o poder que eu possuo. Ele resolveu me ajudar quando deixei o livro em Roberia. Confessou que viu apenas a capa, mas foi o suficiente para fazê-lo me ajudar a encontrar este cara.
Me disse que ele tem um dom igual ao meu.
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